Poiésis

terça-feira, junho 29, 2010

Violeiro



Há grande poesia nos versos
do resplandecer da Lua,
E o violeiro se encanta perplexo
como se ela fosse sua.

segunda-feira, junho 28, 2010

Acervo da Ditadura mofa sob goteiras em Brasília



"A principal preocupação do Arquivo, no entanto, não é com o armazenamento dos documentos da ditadura. Cercado por janelas com grade e com fios expostos pelos corredores, o risco de incêndio no local é iminente"


           Enquanto o governo federal compra briga com os militares para desvendar informações sobre a ditadura (1964-85), o Arquivo Nacional, em Brasília, guarda documentos sob goteiras e dentro de sacos plásticos, com risco iminente de incêndio.
           São quase 35 milhões de folhas, armazenadas em condições precárias, que narram a censura, a perseguição a militantes de esquerda e a ação das Forças Armadas em um dos momentos mais obscuros da história do país.Toda essa papelada ainda aguarda triagem dos arquivistas para a definitiva incorporação ao acervo.
           Os arquivos estão desde 1999 no prédio da Imprensa Nacional, que até hoje não foi adaptado para armazenar documentos históricos: não há saídas de emergência, o teto tem infiltrações e há fios expostos nos corredores. Os documentos guardados sob lonas e expostos a goteiras e infiltrações representam um terço do acervo do órgão na capital do país. Se fosse empilhada, a papelada chegaria a 5 km --o equivalente a um prédio de 1.500 andares.
           Com o tempo, muitos documentos mofam e são tomados por pragas, e aí necessitam de uma higienização antes de voltar às estantes. Boa parte desse material em quarentena está armazenado em sacos de lixo.
           A Folha teve acesso a todas as dependências do Arquivo Nacional e flagrou mapas que ainda seriam analisados jogados num canto do galpão e dezenas de caixas com documentos com sinais de que foram molhadas.
           No mesmo local em que estão as 35 milhões de folhas históricas há banheiros e uma copa para os funcionários, situação que é considerada irregular pela própria coordenação da instituição, já que a proximidade com banheiros e cozinha pode causar infiltrações.

Riscos

          A principal preocupação do Arquivo, no entanto, não é com o armazenamento dos documentos da ditadura. Cercado por janelas com grade e com fios expostos pelos corredores, o risco de incêndio no local é iminente.
           A Folha teve acesso a laudo do Corpo de Bombeiros que obriga o órgão a fazer uma série de adaptações para evitar incêndios, sob pena de interdição do prédio.
           O Corpo de Bombeiros deu 30 dias para que fossem criados sistemas de iluminação, alarme, sinalização, chuveiro automático e extintores. Segundo os bombeiros, o prédio nem sequer tem saída de emergência para a segurança dos 55 funcionários.
          "[O Arquivo Nacional deve] instalar saídas de emergências e adequar a edificação para garantir o abandono seguro de toda a população", diz trecho do laudo. O prazo dado pelos Bombeiros se encerra nesta semana, mas o Arquivo Nacional já trabalha para conseguir mais tempo

FILIPE COUTINHO
LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA
(* Folha on-line 27/06/2010-09h27)


É infinitamente lamentável, repugnante ler e perceber o tamanho descaso com documentos importantes de um tempo tão difícil para muitos. Mas, pensando bem, estamos em plena época de São João e , uma fogueirinha a mais ou a  menos não faz diferença, não é mesmo? (Simone Prado)

Leia também: Arquivos Abertos da Ditadura

sexta-feira, junho 25, 2010

Formosa Fror (Cantiga de Amor)





Mia Senhor formosa Fror d’amor
Non poso lle negar mi amor
i Coitado de mi que vi mia Senhor!

Tua beleza me foi a mi doce tortura
Gran ben lle quero a tan bela candura
Nostro Deus há de cuidar de tan boa Dona
Não há para mi outra Senhor como que é fror
Neñuma moller vi como esta Dona

En teus raros paseos me contento
Ora me esváio
Ora me desatino por dentro
Quando non vexo a face de mia Senhor

A bela Dona que és Fror
Pero que non poso con ella falar
So restando a mi ollar a face bela
Que lumeame máis e máis
As frores , o verde, menten
Non son máis belos que a mia Senhor
Mia Senhor, formosa Fror,
Para sempre ei de amar

Se ella soubese como lle quero ben
Máis que a mi vida
Prefiro eu a morte, morrer a alma a míngua
Pelo coração que dispara por mia Fror d'amor

Autoria: Simone Prado
Poesia registrada na Biblioteca Nacional- Escritório de Direitos Autorais- (E.D.A- RJ))

Trovadorismo



           O Trovadorismo surge em Portugal no início do século XIII e tem seu fim no século XIV com Don Diniz, um dos últimos trovadores da época. Nessa fase, destaca-se na literatura portuguesa a poesia por meio das Cantigas, e, na prosa, as Novelas de Cavalaria. Portugal, nesse período, passava por um processo de consolidação nacional.
               A poesia trovadoresca possui como língua o galego-português que, na época, era tida como exclusiva da poesia lírica; além da obrigatoriedade que os poetas possuíam em adotá-la em suas práticas literárias.
              As cantigas de amor foram de extrema importância, pois serviram de base para a poesia lírica portuguesa e brasileira.
            Nesse período arcaico da língua portuguesa, tanto o lambidacismo (pronúncia que consiste na troca do r pelo l) quanto o rotacismo (pronúncia que consiste na troca do l pelo r - por exemplo, a palavra fror), e principalmente o rotacismo, foram características marcantes nessa fase. Além disso, foi constante o uso dos pronomes de tratamentos no gênero masculino - por exemplo: mia Senhor.
             As Cantigas de amor têm por finalidade a exaltação da imagem feminina, por esse motivo as palavras referentes à mulher amada são grafadas em letras maiúsculas, escritas em primeira pessoa, sendo o “eu-lírico” masculino. Este, por sua vez, declara o seu amor a sua dama, uma mulher da aristocracia que vive em palácios, idealizada e inatingível para a qual ele dedica todo o seu amor , e que , por esses motivos, ela passa a ser frequentemente vigiada por ele. Amor este proibido de ser sentido a dois por ser, a mulher, uma dama casada, esposa do seu senhor. Dama pela qual valia a pena ele morrer. Amor esse sublimado vivido por um vassalo.


quinta-feira, junho 24, 2010

Resenha crítica do filme "Entre os muros da escola ".

Resenha Crítica dentro de uma abordagem que envolve aspectos relativos à prática pedagógica, à globalização, questões da área cognitiva e afetiva na relação professor-aluno.



Resenha crítica do filme “Entre os muros da escola”.
(Entre les Murs, França- 2007.)



     O filme “Entre os muros da escola”, de Lautet Cantet, nos remete aos muitos aspectos conflitantes vividos em uma escola pública localizada no subúrbio de Paris. Grande parte da ficção se passa dentro de uma sala de aula composta por alunos de treze a quinze anos de idade com diversos problemas de ordem política e, principalmente, social. É possível, também, perceber as diversidades étnicas ali inseridas, cujas culturas e diferenças que cada aluno trás consigo acirra ainda mais o conflito entre eles no que diz respeito ao preconceito de raça, de classe social, etnias, dentre outros.
 
     Observando o filme, e analisando a prática pedagógica adotada pelo personagem François, pode se verificar que o professor Marin se mostra comprometido e disposto a enfrentar, através do diálogo, os muitos desafios que irão surgindo por parte daquela turma indisciplinada, no intuído de transformar os vários questionamentos dos discentes num aprendizado através da reflexão crítica. Ou seja, ser um educador naquilo que envolve uma preocupação com a transformação social que, segundo Cipriano Luckesi, possui grande importância por promover mudanças na história. Trabalhar nos alunos o conhecimento e o hábito de se fazer uma reflexão críticas dos fatos a fim de obter mudanças no modo de pensar e não simples reprodução do senso-comum.

     Os muitos conflitos sociais e questionamentos por parte dos alunos de diferentes realidades presentes naquela sala de aula, uma vez suscitadas, François utiliza cada momento para reflexão e esclarecimento. O professor passa a ser o mediador daquela realidade conflitante para poder extrair algum conteúdo a fim de que seus alunos adquiram uma conscientização moral, ética e política na intenção de promover uma transformação social através da reflexão e debate. Portanto, o docente deve “caminhar junto, intervir o mínimo indispensável, embora não se furte, quando necessário, a fornecer uma informação sistematizada.” (Luckesi- 2002, p. 25)

     A didática pela qual o professor apresenta os conteúdos referente à língua francesa, logo no início do filme, é uma didática que podemos chamar de progressivista (centrada no aluno), estimulando a troca de conhecimentos e experiências por meio dos diálogos cujo antiautoritarismo e a valorização das experiências vividas pelos discentes se fazem presentes por parte do educador no intuito de fazê-los refletirem sobre a importância de se aprender a língua francesa, o respeito aos colegas de classe e suas etnias etc. Porém, diante da resistência dos alunos em não aceitar seus métodos pedagógicos, desprezarem a figura do professor e sua forma de trabalhar, a sua pedagogia de caráter progressivista parece se perder no decorrer do filme.

     Segundo Cipriano Luckesi em seu texto “O papel da didática na formação do educador”, o docente deve possuir um compromisso com o ensinar de forma a transformar as relações humanas através de um processo dialético transformador. Transformação essa que se baseia numa troca constante de saberes e experiências entre o professor e o aluno, pois “ensinamos e somos ensinados, numa interação contínua em todos os instantes de nossas vidas.” Isso deve ser refletido também dentro de sala de aula.

     O educador deve ter consciência da importância de seu papel na sociedade, naquilo que envolve as suas práticas educacionais no sentido de ser sujeito da história que, através de seu caminhar, construirá o conhecimento, respeito aos outros conhecimentos, desenvolvimento do pensamento ético, moral, político e humano em seus alunos.

     Ainda que todo esse esforço seja aproveitado de forma mínima pelos discentes, tal empenho se refletirá, quem sabe, em uma sociedade mais justa. É ter consciência de seu papel, ainda que seja árdua a tarefa, hoje em dia, do educador. Este, por sua vez, deve estar compromissado com o “fazer” a história, contribuindo por uma sociedade e educação melhor. É um desafio constante.

     Nesse sentido, diante desses aspectos acima citado, observa-se que o professor François se distancia, no decorrer do filme, aos poucos dessa pedagogia progressivista, desse compromisso de fazer a história e provocar mudanças devido à grande resistência dos alunos. Isso fará com que ele passe a adotar algumas atitudes semelhantes a prática pedagógica conservadora na tentativa de passar o conteúdo da disciplina, ou seja, o estudo da língua francesa.

     Apesar dele se mostrar disposto a esclarecer para os alunos a importância das aulas de literatura e a aprendizagem da conjugação dos verbos no imperfeito do subjuntivo, por exemplo, ele esbarra em muitos questionamentos dos discentes ante aqueles ensinos, portanto tais resistências por parte dos alunos farão com que o professor mude a sua postura de ensinar. Os conteúdos passam a ser transmitidos pelo professor não de forma a proporcionar a compreensão do porque daqueles verbos e conjugação, mas se caracterizando como uma transferência de um saber através do seu autoritarismo.

     Não é visto, por parte dele, no decorrer do filme, uma construção baseada na troca de conhecimentos como demonstrava no início, na intenção de entender e fazer os alunos refletirem. A sua prática pedagógica passa a centrar na transmissão do conhecimento que, muitas das vezes, quando contrariado, o professor Marin costumava impor sua opinião ou suscitar uma discussão que não levava a lugar algum; pelo contrário, irritava mais ainda os alunos, agravando a desmotivação deles, levando- os a discutirem e até brigarem em sala de aula.

     Infelizmente, houve uma falha da parte do personagem, pois tal atitude tende a aumentar ainda mais o processo de exclusão do aluno do conhecimento devido à falta de compreensão daquilo que está sendo ensinado e sua aplicabilidade.

     O personagem François começa com uma pedagogia progressivista, porém esta, por sua vez, passa a dar lugar a pedagogia mais conservadora diante das grandes dificuldades que o professor encontra naquele hostil ambiente escolar. Ele não é o “herói” que “salva” toda uma turma como muito já vimos nos filmes voltados para a educação, mas, também, não é o vilão por tais atitudes.
 
     No que concerne ao aspecto afetivo, o professor até tenta estabelecer algo; por exemplo, na conversa que ele possui com o Souleymane na tarefa do autoretrato, porém o aluno não crê naquela conversa, na atenção dispensada, achando que tal valorização da parte do professor fazia parte de um plano para que ele e os outros alunos fizessem a lição proposta. Teria esse questionamento por parte de Souleymane um fundo de verdade , ou não?

     Se ainda existia um fio mínimo de afeto por parte do professor, parece que tudo fora posto por terra, haja vista as muitas discussões em sala de aula e, mais tarde, com as duas alunas representantes de classe que, após terem mentindo sobre a conversa dos docentes no conselho de classe, provocou a ira do professor chamando-as de vagabundas. Ou seja, o que se pode tirar disso, dessa lição, é que o clima afetivo entre professor e aluno é muito importante para a construção da auto-estima e o desenvolvimento cognitivo, pois o processo de aprendizagem se dá através do relacionamento interpessoal forte entre ambos. Dependendo de como se dá essa relação afetiva, ela pode ser responsável pelo sucesso ou fracasso na aprendizagem. “Envolve estar atento ao aluno e se preocupar com o mesmo.” (Vera Candau- 2001- p. 14)

      Referente ao campo da cognição, à relação entre professor e aluno, no filme, envolvendo aspectos em sua dimensão humana, político e social, verifica-se que foi bastante prejudicada devido à resistência dos alunos em não aceitarem o ensino da língua francesa e as orientações e práticas pedagógicas do professor François. O professor até se esforça em fazer com que a turma aprenda a língua local e sua importância, porém é possível perceber que poucos foram os que aprenderam, e outros não aprenderam nada. Nesse sentido, entendo que a falta de afeto e a grande dificuldade de aceitação do professor François Marin, por parte do aluno, fizeram com que este profissional falhasse em seu papel de educador, e a sua autoridade como mestre vai aos poucos sendo abafada, dando lugar ao autoritarismo que passa a ser evidenciado em alguns de seus confrontos com os discentes diante da postura agressiva deles, como, por exemplo, o personagem problemático Souleymane e a aluna Khoumba, principais questionadores e rebeldes que desprezavam a autoridade do professor como um profissional da educação.

     Observa-se, portanto, o quão importante é o desenvolvimento afetivo-emocional professor /aluno para o desenvolvimento do cognitivo, pois o estímulo afetivo capacitará o aluno (se ele de fato quiser) a conhecer a si mesmo, promovendo a auto-estima e, como resultado, o aluno passará a se conhecer e situar-se melhor no mundo.

     Concernente a globalização e seus efeitos no campo da educação pública, de acordo com o filme, “Entre os muros da escola”, tende a aproximar vários países, idéias e culturas. Ou seja, a globalização cria paradigmas e seus efeitos passam a ditar isso ou aquilo que devemos fazer, pensar e perceber as coisas no mundo.

     Segundo Minayo (et all, 2001) , tudo se torna efêmero , descartável diante da agressiva conquista de mercado por meio do poder que possui e exerce a globalização, refletindo-se também no modo como as pessoas devem “perceber” e aceitar as coisas. Esse efeito é algo amplo e dinâmico no mundo atual, portanto o individualismo e tudo que se mostra diferente tende a ser amenizado para sobressair aspectos que devem ser comuns a todos: mesmo gosto, estilo, não importando qual lugar, país ou cultura. A homogeneização é o seu grande alvo. Dessa forma, o controle é mais fácil.
A educação, por sua vez, tende também a sofrer tais efeitos uma vez que ela não é neutra, mas, nem por isso, alienada.

     Se compararmos, é possível perceber no filme de Laurent Cantet uma aproximação com a Europa e a América Latina, com a sala de aula francesa e a brasileira, na atitudes, gostos, músicas, indisciplina, falta de respeito ante ao professor e, até mesmo, nos problemas dentro da classe como os muitos celulares ligados e tocando em plena aula. Tudo isso pode ser visto aqui no Brasil, por exemplo.

     Outro aspecto comum aos dois países ante a nossa realidade, hoje em dia, se encontra na dificuldade que os professores possuem em fazer o aluno perceber e entender o quão importante é a análise crítica daquilo que se mostra como “verdade”, ou seja, a realidade alienada e alienante na qual vivemos. Infelizmente, a falta de hábito de uma análise crítica das coisas encontra apoio na grande resistência por parte dos discentes; não só dos discentes, mas da população em sua grande maioria. A falta de leitura é uma das maiores contribuidoras para tal desinteresse.

     Portanto, eis um filme envolvente através de uma realidade tão próxima ao que se vive nas muitas escolas públicas hoje em dia. Filme para muitos debates sobre práticas pedagógicas, relacionamentos professor /aluno conturbados, ou não, vividos dentro de uma sala de aula.


Dados do Filme

Título original: Entre les Murs
Gênero: Drama
Ano de lançamento: França- 2007
Direção: Laurent Cantet
Roteiro:Laurent Cantet, François Bégaudeau e Robin Campillo, baseado em livro de François Bégaudeau

Sinopse


François Marin (François Bégaudeau) trabalha como professor de língua francesa em uma escola de ensino médio, localizada na periferia de Paris. Ele e seus colegas de ensino buscam apoio mútuo na difícil tarefa de fazer com que os alunos aprendam algo ao longo do ano letivo. François busca estimular seus alunos, mas o descaso e a falta de educação são grandes complicadores




  

domingo, junho 20, 2010

Radical Chic e Gatão de meia-idade (1)

Ahhh... Esse blog não poderia nunca esquecer e deixar de prestar uma homenagem ao excelente cartunista brasileiro Miguel Paiva e seus personagens Radical Chic e Gatão de meia-idade. Ela: linda, radical, sem tabu, transparente, autocrítica, sexy sem jamais perder a pose e chic. Muito chic! Era presença confirmada na Revista de Domingo do JB. E como não se identificar com alguns de seus pensamentos e situações cotidianas sobre sexo, homens, casamentos, e por aí vai.





Ele, Gatão de meia-idade, povoado de sentimentos e vaidades masculinas e... algumas broxadas de um homem de meia idade.(rs)
 
 



Haja Viagra!!! (rs...)


Leia também: Radical Chic e Gatão de meia idade (2): Namorada para todas as idades

Lumiar- Nova Friburgo


Imagem:by Si.



Preciso do descanso e dos dias  de férias...
Então eu preciso de Lumiar grande,
Aberta e caudalosa.
De abrir a janela e rir sozinha como se tudo fosse meu.
Do seu cheiro de chuva de montanha
E os pinheiros de Mury!
Dos cavalos e cavaleiros que tocam a sua gaita gostosa.
Das suas luas e noites fartas
Que enfeitam a velha praça
E lumiam e renovam a minha vida.

Tenho que aprender com a Nana...

Tenho que aprender com a Nana a ludibriar o tempo.
Mostrar para ele que não tem jeito,
Que é ele que morrerá por mim, e não eu por ele.
Não o esperarei bater em minha porta: Ela já está aberta.
- Mas eu? Ah, eu já saí!
- O tempo? Que pena. Chegou um pouco tarde. Não quis esperá-lo.
Insistiu. Deixou um bilhete. Disse que voltaria.
Voltou. Bateu uma vez. Dessa vez, em minha janela.
Me encontrou.
E dizia que só queria estar comigo, segurar a minha mão,
Pois ele me serviria de melhor companhia e também de solução.
Fiquei parada, calada, não queria reviver o tormento.
Insistiu em ficar, cuidar das minhas feridas, da minha falta de alento.
Mas ele... Chegou um pouco tarde e não lhe permiti argumento.
Não darei para ti a minha companhia,
E não será um em mim por mais que você insista.
- Leve contigo esse retrato surdo, esquecido e calado!
E o seu tempo e a distância que só deixaram lembranças
Que agora bate a minha porta, insistindo em ficar...
- Mas eu? Ah, eu já estou de saída!
Saio daqui para renascer E você, tente me esquecer.

* Poesia que fiz dialogando um pouquinho com a belíssima música de Nana Cayme, Resposta ao Tempo.


quinta-feira, junho 03, 2010

Volto logo!